PhD em Meteorologia reforça preocupação com frio extremo

Por Pauta Pronta em 22/05/2018

A queda na temperatura em diversas regiões brasileiras desde o fim de semana tem sido assunto recorrente entre especialistas das mais diversas frentes de pesquisa na área. A relação do clima com a produção agropecuária voltou à tona, após dados divulgados por institutos de meteorologia. Um dos maiores especialistas da área, o PhD em Meteorologia, Luiz Carlos Molion, contestou previsões climáticas que foram divulgadas nesta segunda-feira, principalmente em relação às baixas temperaturas no inverno.

            Segundo ele, é temerário afirmar que não haverá geadas e que o inverno em 2018 será mais quente que a média dos últimos anos. “Eu uso um método chamado ‘previsão por similaridade’, ou seja, analiso o cenário do clima global deste ano e escolho um ano no passado, do qual já temos os dados observados, que tenha as condições globais semelhantes às deste ano. No caso, o ano similar a 2018 é o ano 2000. Em 1997/1998, tivemos  um El Niño forte que foi seguido de dois anos de La Niña, 1999/2000. Em 2015/2016, tivemos um El Niño forte, que foi seguido de um La Niña em 2017 e, na minha concepção, vai permanecer um La Niña fraco no segundo semestre de 2018 e não um El Niño como profetiza alguns institutos”, afirma o pesquisador.

            Dr. Molion alerta que as águas do Pacífico Equatorial ainda continuam frias e, para a atmosfera mudar, são necessários cerca de três meses. “Portanto, o efeito das águas frias, mesmo que o Pacífico vire para neutralidade (temperaturas das águas entre +/-0,5°C) nesse próximo mês, ainda manterá frias as camadas superiores da atmosfera durante o nosso inverno e há grande chance de haver pelo menos uma incursão de uma massa de ar polar forte que venha a causar uma geada severa”, alerta o especialista.

            Para o PhD, é necessário que os produtores fiquem em alertas, pois o ano similar citado por ele foi marcado pela incursão de uma massa polar forte que provocou temperaturas mínimas de 0°C em Uberaba e no Triângulo Mineiro. “Convém lembrar que temperaturas baixas também são nocivas ao gado de corte que fica no pasto aberto na noite de geada e pode morrer de hipotermia. O oeste de São Paulo e norte do Paraná também sofreram com temperaturas mínimas muito baixas. Concordo que o inverno, de maneira geral, possa até ser mais ameno, ‘na média’. Mas, o que prejudica os cultivos não é a ‘média do inverno’ e, sim, um simples evento de incursão de massa de ar polar intensa que provoca geada forte e mata a planta, reforça Dr. Molion.

            O pesquisador será um dos palestrantes do VI Fórum Brasileiro de Feijão, Pulses e Colheitas Especiais, que será realizado entre os dias 6 e 8 de junho, em Curitiba (PR). Com o tema “Perspectivas do clima para 2018/19 e tendência nos próximos 10 anos”, Dr. Molion vai ministrar a palestra no dia 8 de junho, às 11h.

            Para o Dr. Luiz Carlos Molion, os produtores das Regiões Sudeste e Sul, especialmente, devem ter cautela e se preparar para uma probabilidade alta de se ter pelo menos uma forte geada no inverno de 2018. “Não há métodos que venham a proteger os cultivos, total ou parcialmente, de uma geada forte. Lamento que minha intuição me faça trazer uma notícia preocupante”, diz o pesquisador, que levará todo seu know-how para o Fórum do Feijão.

PROGRAMAÇÃO – A programação completa do VI Fórum Brasileiro de Feijão, Pulses e Colheitas Especiais está disponível no site do evento: www.forumdofeijao.com.br/programacao-2018

SERVIÇO – As inscrições para participar do Fórum podem ser feitas por meio do link: www.forumdofeijao.com.br/inscricao/. O VI Fórum Brasileiro do Feijão será realizado no Expo Unimed Curitiba.

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